Dias de Chuva

Dias de Chuva de Carolina Mancini

Acabei de ler (agora, agorinha mesmo!) o livro Dias de Chuva da autora Carolina Mancini pela Editora Estronho. A edição está muito bonita, tanto pela ilustração (da autora também! ), quanto pela diagramação, com páginas cinzas entre os capítulos, o acabamento, as folhas amareladas (que são mais confortáveis para mim) e as letras num tamanho adequado (nem grandonas nem miudinhas demais). Primeiro quero dizer um “parabéns” para a editora Estronho pelo acabamento e pelo recebimento rápido do livro quando encomendei pelo site. Além disso, quando comprei, vieram uns brindes com imagens dos personagens que também não muito bonitos. Confesso que não os peguei para não influenciar a minha imaginação (e só lembrei agora de olhar para ver se casava a minha imaginação com as ilustrações). Gostei tanto da edição que tô até pra mandar um e-mail pra editora pra ver se não desejam editar um livro meu aí... (não custa nada chorar! Hehehehe)

Agora vamos a história em si. Vamos aos nossos preconceitos primeiro. Geralmente a galera tem receio da literatura fantástica no Brasil. Principalmente se não vier dos nomes mais conhecidos como Eduardo Sporh, Raphael Draccon ou Carolina Munhoz. Mas eu sempre quero quebrar esses preconceitos (dos outros e meus), então comprei o livro e comecei a ler. A personagem Júlia passa por dificuldades na infância que muitos de nós vivem. (Felizmente eu não passei por isso). Mora numa comunidade carente, é bem pobre, chega a passar fome, seu pai apresenta problemas com vícios e sua família é bem desestruturada, mesmo tendo amor entre eles. Os problemas de uma metrópole como São Paulo (mas poderia ser no RJ que também tem disso a rodo!). Nesse turbilhão de problemas sociais, ela conhece Audrick, um homem diferente que resolve ajudar sua família. Ela descobre que ele tem “poderes” diferentes. Isso a assusta, mas também a fascina (EU teria ficado muito mais fascinada, mas deixa quieto). A partir disso, vemos Júlia crescer, amadurecer, fazer escolhas (certas E erradas... ou chamamos de equivocadas) e descobrir a magia.

Eu gostei bastante do livro. Tem uma narrativa interessante. Júlia tem muitos questionamentos e vive normalmente como nós, quer ir comer, ir dormir, tomar banho, sente desejos, sente raiva, fala palavrão, estuda... e mesmo assim acaba descobrindo um mundo TOTALMENTE novo, antigo e místico.

Eu, tanto como leitora ou como escritora, penso eu os livros são como projeções mentais nossas. Quanto mais o escritor consegue “ver” o que escreve, mais o leitor consegue “ver” as cenas em sua cabeça. Em alguns livros eu só tenho flashes, entende? Como se a força do escritor não tivesse “desenhado” mentalmente aquela cena, sabe? O legal é que não aconteceu isso... eu consegui “ver” os locais. Os degraus da primeira casa dela, a cozinha de Míriam, o casarão da Audrick, a estação de metrô, os dias de chuva, o chão de terra pisado por Júlia numa parte lá no final, o hospital em que sua irmã fica... É como se eu pudesse ver na minha cabeça os lugares! Isso para mim é um ponto muito positivo do livro. Por isso, não quis olhar as imagens mandadas juntamente com o livro. Gosto muito da minha imaginação.

A convivência de Júlia com Audrick foi para mim como o encontro da Europa velha com o continente novo. Foi meio que o frio de lá com o quente daqui. Gostei bastante da descrição dos eventos acontecidos em terras brasileiras e gostaria que a autora explorasse no próximo livro (por favor, eu preciso de algumas respostas!) mais a questão nacional porque foi assustador e legal ao mesmo tempo! 

Acredito que Carolina tem muito potencial na área da Fantasia. Quero COM CERTEZA ler mais livros dela e acompanhar sua trajetória. Espero que ela possa vir para o RJ na Bienal para abraça-la, pegar mais um autógrafo (sim, eu pego mais de um autógrafo no mesmo livro!) e vibrar de alegria com o seu percurso literário. Parte disso é por gostar de ler e parte desse sentimento é aquela comunhão entre escritores, pois desejo também fazer parte desse rol de pessoas que mexem com as emoções dos outros através da leitura.

Espero que vocês gostem do livro, apreciem a história, comprem o livro, valorizem uma escritora MULHER E BRASILEIRA!

Ah! E terei que comprar outro livro pra ficar pra Bicicloteca Malala porque o meu é SÓ MEU E NÃO VOU EMPRESTAR NÃO! (Sou ciumenta com alguns!)