segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O conto da Aia - Margaret Atwood

Olá, Devoradores de Livros!

Como vocês estão? Eu terminei de ler o livro "O conto da Aia" de Margaret Atwood pela editora Rocco hoje e já estou trazendo resenha pra vocês.


O livro conta a história de Offred, uma Aia na sociedade de Gilead, antigo Estados Unidos depois de guerras e um golpe "militar". Nessa sociedade, o funcionamento é teocrático, isto é, o modo de governar é regido pelo Velho Testamento. A narrativa vai se desenvolvendo entre a narração de um possível presente e uma possível lembrança do passado dessa personagem que não descobrimos o nome. O título que ela ganha OfFred é a junção de Of + Fred = of, pertencimento, Fred é o nome do Comandante ao qual ela pertence (sim, isso mesmo). A sociedade agora vive sobre o domínio teocrático em que as mulheres são oprimidas ao extremo. Então temos as Aias - que são mulheres que se vestem de vermelho e são férteis. Tem as esposas, os Comandantes (maridos), as Tias (que são as instrutoras nos centros de "treinamento" para as Aias, as Marthas (acho que seriam as empregadas, vamos dizer assim..). E durante o livro ela vai descrevendo a realidade das Aias e também das outras mulheres. Como a sociedade está dividida, começando numa visão micro, e sua particularidade e há níveis de ampliação... Não chega até um desenvolvimento complexo do governo, mas dá dicas de como deve ser.
Achei o texto MUITO interessante e reflexivo. Mostrando para nós as consequências distópicas de como poderia ser uma sociedade regida pela igreja se ela dominasse o governo. (Quase uma idade Média, gente!). A narrativa não é linear, mas apresenta relatos presentes e passados um pouco misturados, mas as coisas vão se acertando ao longo do texto e você consegui identificar melhor. Há algumas passagens perturbadoras pra mim... principalmente quando ela mostra a transição e diz que a partir daquele momento (ela e o marido) já não são mais um do outro, mas ela é dele. Mostra, a meu ver, o quanto ela se tornou objeto e deixou de ter personalidade. Passou a ser dele, algo que ele tem e carrega e não mais ela mesma, com opinião, com vontade...
Senti a perturbação do contexto. Acho necessário se discutir os malefícios de quando a religião quer ter poder dentro do Estado e o quanto NÓS NÃO PODEMOS deixar que isso cresça e se torne uma realidade. E infelizmente vejo que alguns dos preceitos da sociedade de Gilead são vividas pelas mulheres de algumas igrejas (ALGUMAS MULHERES E ALGUMAS IGREJAS, não é todo mundo!).
É uma distopia interessantíssima. Tem horas que você pensa "taca fogo nisso tudo, mulher!", mas sabemos que não é tão simples assim... tal como as mulheres que sofrem violência doméstica. Elas sofrem, mas não é tão simples assim.
Recomendo para todos. Acredito que nos fortifica para pensarmos melhor sobre política, religião, papel dos humanos na sociedade e governo. E principalmente o quanto é importante a liberdade e o respeito.

Espero que vocês possam ler e apreciar, colocando em seus debates diários esse livro que nos incomoda, mas nos dá mais uma luz para enxergar o mundo e vermos melhor. Ver os outros e a nós mesmo também.

Abraços,
Carla Luz

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