O Sofá Estampado - Lygia Bojunga

Olá, Devoradores de Livros!

Terminei de ler mais um livro. Eu estava com alguns livros fininhos aqui que eu tô tentando ler pra, pelo menos, dizer “ei, eu li esse”. 

Um deles é “O Sofá Estampado” da Lygia Bojunga. Ela é uma escritora nacional, mundialmente reconhecida. Até ganhou o prêmio Hans Christian Andersen – um tipo de Oscar da Literatura. Você sabe quem foi Han Christian Andersen, né? Não? Bom... outro dia farei um post falando desses grandes nomes da Literatura Mundial (que pra mim são maiores do que os maiores atores de Hollywood!)

O livro "O Sofá Estampado" vem nos contar a história de um tatu Vitor que tinha muita tosse. Coisa de doido começar a falar assim, não é? Mas o livro fala dele. E de como ele chegou a ser namorado de uma gata chamada Dalva.

Vamos por partes.

O livro já começa falando que Vitor é namorado de Dalva. Apesar deles serem um tatu e uma gata respectivamente. E que Dalva passa o tempo todo sentada num sofá estampado olhando para a televisão. Já Vitor veio do interior e tem problemas para falar de maneira articulada. Quando é forçado a tal, começa a tossir descontroladamente. Fica vermelho, roxo, parece que vai ficar totalmente sem ar. Todos ficam imensamente preocupados quando ele começa. É só ter que falar em público, falar mais alto, dar sua opinião com todos olhando, que ele começa o cof cof frenético.

Vitor, quando era pequeno, sempre teve esse problema. E para se acalmar ele começou a cavar. Se o nervosismo aparecia e a tosse começava a coçar a garganta, ele colocava as unhas de tatu em funcionamento e cavava. Lá no fundo, bem fundo, ele respirava, se acalmava e a tosse passava.

O livro fala de timidez, sobre como, ás vezes, nos enfiamos em buracos por nossos problemas emocionais. Fala também sobre a exploração da mídia pelos donos de empresa. E de como nossas mágoas podem ser prejudiciais. Fala sobre buscar fazer o que gostamos de profissão e não somente o que nossos pais querem, ou simplesmente o que poderá dar dinheiro.

Parece loucura dizer que um livro considerado infantil, com somente 107 páginas pode falar disso tudo, mas pode. 

O título do livro se justifica pelo sofá estampado que tem na casa da gata que o tatu Vitor vai namorar, apesar de achar que a importância do sofá é pouca... o cavar é mais nítido, o tossir também. Apesar de não achar o final TÃO FINAL assim... valeu. O livro é bom. Mas temos muita mensagem.. hum... qual é a melhor palavra pra usar agora? Não é subliminar, não é metáfora... Simbólica. Isso. Uma linguagem simbólica para falar sobre medos, traumas, timidez extrema, problemas de falar em público, sobre manipulação da mídia, sobre mágoa, sobre tantas coisas! Achei interessante como Lygia Bojunga conseguiu reunir muitos assuntos complexos num livro fino e infantil.

Apesar de hoje em dia, muitas pessoas não conhecerem (ou não querem) os clássicos - pois é assim que a considero - acho que devemos dar uma chance. O livro pode não ter aquele final bombástico ou final disney, mas faz a gente refletir. Será que estamos cavando tão fundo também ao ponto de não encontrarmos uma saída para nossos dilemas que nos fazem "tossir" a beça?

Fica aí a pergunta pra vocês.

Recomendo a leitura. 

Para os pequenos, é interessante se conversar depois. Perguntar o que eles acham de cada personagem, cada situação e ir tentando buscar com eles um significado dentro daqueles personagens, daquelas ações.

Abraços,

Carla Luz