domingo, 17 de setembro de 2017

Princesas GPower

Olá, Devoradores de Livros! Como estão?


Terminei de ler o livro " Princesas GPower" pela editora Qualis e de autoria de quatro mulheres: Mila Wander, Thati Machado, Janaína Rico e Larissa Siriani. Eu comprei esse livro na Bienal (ai, já tô com saudades!)
O livro é composto por quatro contos que têm como base as histórias de quatro princesas: Cinderela, Aurora, Ariel e Malévola. A característica em comum em todas as histórias é o fato de que todas as quatro são gordas.
Então vamos falar das histórias separadamente.
O primeiro conto se chama: "Cindy, em busca do felizes para sempre". Nele, temos a Cindy que tem uma vida boa e plena, mas com a morte da mãe, sua vida se modifica. O pai arruma outra mulher e ela atrapalha sua vida. Toda a trajetória do conto é como na história em que se baseia (atualizando tudo, é claro), mas há alguns detalhes que eu preciso ressaltar e que não me agradam tanto. A primeira coisa não é especificamente desse livro em si, mas dos romances atuais: ser narrado em 1a pessoa nem sempre funciona. Tenho notado esse detalhe em alguns romances jovens atualmente a tendência em ser narrado em 1ª pessoa... e sinceramente, gostaria de ver outro jeito do narrador fazer o seu papel. Mas isso é um detalhe mais técnico já que também escrevo.
Segunda coisa: o início da história, a narração é muito "docinha, fofinha", achei meio "enjoado", achei que deu muito detalhe e que não era exatamente relevante para o desenvolvimento e desfecho. Depois a história engrena e fica bem mais interessante. Há algumas colocações da personagem que são bem tocantes e que nos marcam mesmo. Cheguei a ficar com os olhos marejados com algumas frases/situações vividas pela personagem. Mas a história termina rápido quando começa a engrenar. Pra mim isso é um problema. Apesar disso, a história me emocionou. Acho que eu teria tido uma juventude mais tranquila se tivesse esse tipo de livro, esse tipo de história com 15/16 anos. Teria encontrado um ombro amigo na literatura e teria me aceitado melhor, me sentindo menos mal. Isso no livro em geral. Dou 3 ⭐⭐⭐ de 5
O segundo conto (Era uma vez, num sonho) é escrito pela Larissa Siriani e nos traz a história baseada na princesa Aurora. Eu gostei da história, achei que a narrativa é mais fluida, mas na parte que estava ficando com mais ação, quando aparece o antagonista, a história é resolvida MUITO rapidamente. Quando eu queria saber mais sobre, ver "tiro, porrada e bomba", ela termina. Fiquei meio "oi? Cadê o restante? Tiraram páginas?". Fora isso, eu gostei bastante, uma história suave, juvenil e gostosinha de ler. Um detalhe que merece destaque foi que todo o conto aconteceu e a personagem não precisava ser gorda. Não precisava ser loira, ruiva, baixa, alta...tanto faz! Isso é muito positivo! Uma pessoa gorda pode viver uma história de amor, sem que isso seja o motim de tudo! Ela é uma pessoa, ponto. Dou 4 ⭐⭐⭐⭐ 
O terceiro conto "O oceano em mim" é de Mila Wander. É baseada na história da Ariel. A protagonista é mais adulta pela idade, achei o conto...hum...como dizer... às vezes, achei a linguagem um pouco... não tão delicadas (não é exatamente essa palavra, mas não achei outra) quanto eu esperava. Algumas comparações foram um pouco... não legais. Por exemplo: "...com direito a cascata de camarões tão grandes que mais pareciam ratazanas" e "eu comi tanto que devia ter engordado mais uns dez quilos já na primeira refeição". Sei que a última frase até faz sentido quando se fala sobre o assunto (todo trauma e ideias que incutem em nossas cabeças com as falas gordofóbicas que ouvimos ao longo de nossa vida), mas achei tão...ah eu não gostei. Principalmente o primeiro trecho. 
A amiga da Kai (nome da personagem) é uma chata. Aquilo é um relacionamento abusivo! Como alguém convive com alguém assim? Olha a frase: "Giovana me convencia a fazer tudo o que eu nunca pensei que fosse capaz". Cara, é daí pra pior na suposta amizade. Fui lendo, não tão feliz, mas fui. A relação delas é terrível pra Kai que já não tem uma boa autoestima. Depois que ela encontra "o cara", fica mais interessante porque ele é diferente do que se espera, mas também não se explora essa parte (que para mim estava sendo a melhor parte! Qual a história do cara, seu mundo, a avó dela? Queria saber...). Achei que a pseudo-melhor-amiga tivesse alguma relação com a Úrsula, Feiticeira do mar... mas não teve, ou não se explorou essa parte, infelizmente! É válido, mas não exatamente a melhor história PARA MIM. Eu dou 2 ⭐⭐ pra esse conto.
O último conto foi escrito por Thati Machado e se chama "Malena". É uma história fluida e jovem. Também seria boa para eu ter lido adolescente. Aborda o bullying, mas não aprofunda tanto assim. É a história de Malena, uma menina muito boa em edição de imagem que descobre que pode ser bem má e ao final faz uma escolha. E isso influencia bastante em sua vida e emoções. Eu gostei mais desse conto. Ele traz as questões de ser gorda de uma maneira bem verdadeira e dentro de uma realidade palpável, a realidade escolar (que é bem cruel). Apesar de ser inspirado no conto da Malévola, não há fatos sobrenaturais ou muito inverossímeis. Então torna tudo o que acontece real. Isso foi o ponto principal pra mim. Apesar da menina sentir todo o preconceito, toda a estigmatização da pessoa gorda, as palavras usadas foram boas na história. Mostrou sua fragilidade, mas depois com a amizade, mostrou sua força. E tudo bem atual. (Dava uma ótima história para se colocar na Malhação!) Achei que o desenvolvimento da história foi melhor explorado, não teve a quebra de expectativa, ou do clímax como nós outros contos. Dou 5 ⭐⭐⭐⭐⭐

O livro no total é bom. A temática é muito interessante e importante. Um ponto interessante do livro é o prefácio de Danilo Barbosa. Super verdadeiro e acho que ele se vê ciente de como é e que isso não tem que ser motivo de diminuição de autoestima. Que devemos nos amar do jeito que somos: gordos. Ponto, pronto. Sem que essa característica tenha a conotação negativa, é só uma característica. Foi realmente tocante o prefácio.

O livro é super válido, tenho as minhas ressalvas, que são mais com uma visão de quem também escreve... então não leve tanto em consideração só como leitor...
Acho importante a temática e o livro em si. Acho que as jovens, os jovens devem ler esse livro pra se sentirem refletidos porque é importante. Todos temos visibilidade, somos seres como todos. Sendo gordos, magros, altos, com nariz torto, não torto...tanto faz! Minha vida de adolescente teria sido menos dolorosa se eu tivesse esse livro como meu amigo, pois o considero assim, como um abraço de conforto. Como um lugar que eu posso ser eu, aquele abraço de amigo – com todos os defeitos, sem problemas – que está ali para secar nossas lágrimas e nos abraçar. Esse livro é como um amigo, que tem defeitos sim e nos ama com os nossos defeitos e do jeito que a gente é.


E vocês, ficaram com vontade de ler o livro? O que andam lendo por aí?

2 comentários:

  1. Fico muito feliz que tenha gostado da minha CIndy. O conto era maior, mas eu já tinha extrapolado todos os limites para um livro de 4 histórias! rsrsrsrs Beijos e obrigada pelo carinho.

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  2. Parabéns pela resenha!!!! Das quatro, só consegui ler duas, mais tenho certeza que o livro veio para ficar,e como vc mesma disse..... Um verdadeiro amigo, este livro irá se tornar!!!!

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