domingo, 19 de novembro de 2017

Admirável Mundo Louco - Ruth Rocha

Olá, Devoradores de livros!

Eu terminei mais um livro curtinho, classificado como infantil, mas que há muita coisa para analisar.
O nome do livro é "Admirável Mundo Louco" da Dona Ruth Rocha pela Editora Salamandra de 1986. Véio toda vida, mas ainda assim, cheio de coisas pra se falar.


No livro, temos 3 histórias independentes. A primeira que dá título ao livro conta o relato de um extraterrestre ao visitar a Terra. Ele vem para cá, nos observa e faz relatos sobre nós. Como somos estranhos através do seu relato:
"Na cara, bem em cima, eles têm umas bolas que eles chama de olhos. É por aí que sai, às vezes uma aguinha. Mas só às vezes". Nesse primeiro conto, tenta descrever o nosso corpo e também nossos hábitos. E através dessa brincadeira de descrever o que já conhecemos só que através de olhos alienígenas, nos faz questionar sobre nós mesmos e PRINCIPALMENTE nossos hábitos na cidade. Nos alerta sobre poluição, sobre classe social (caixas grandes com poucas pessoas, caixas pequenas com muita gente - falando da moradia), sobre trabalho, sobre guerra, consumo. Muitas coisas. Porém, para mim, o mais interessante é que não faz isso de maneira direta, mas usando a brincadeira na descrição. Tenta dar um olhar cômico para que possamos "re-olhar" nossa realidade e pensarmos sobre ela.
O segundo conto também nos alerta sobre hábitos humanos. Como fazemos tantas coisas, moramos tão longe, damos encargo de tantas coisas para outras pessoas fazerem no nosso lugar. E qual seria o nosso lugar então? Brinca com os cargos que existem e até faz uma BELA crítica a ditadura militar. O ilustrador coloca um general sentado numa cadeira com o braço esticado e lá há tantas medalhas que elas vão desde o peito do general até quase o final do seu braço. É outro conto interessante para se pensar as relações.
O último conto é o mais interessante para mim. Chama-se "Quando a escola é de vidro" e diz que lá todas as pessoas que vão pra escola são colocadas dentro de um vidro. Quando pequeninos, o vidro é também assim e conforme ela vai passando de ano o vidro fica um pouco maior. Se você repetir de ano, continua no mesmo vidro, mesmo que você tenha crescido. Nesse conto, há uma crítica ENORME à escola e seus métodos engessados ou "envidrados". O conto ainda fala do papel diferente dentro do vidro para homens e mulheres (de maneira sutil, mas fala), sobre diferença entre pessoas de escola particular e pública, da quebra do vidro, do pânico que isso acaba trazendo e de como devemos ensinar o novo, sem medo de quebrar os vidros que nos enrijecessem. Essa história é a melhor das três. A crítica é tão ATUAL que há uma parte (e podemos lembrar do nosso tempo! 2017!) em que diz assim:
"Uma vez um colega meu disse pra professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer à vontade. Então a professora respondeu que era mentira, que isso era conversa de comunista. Ou até coisa pior..."

Atual, né? Parece que falaram isso ontem! 

Acredito que o livro é DEMASIADAMENTE importante por trazer reflexões, tanto no lado pessoal (eu para comigo mesma) quanto no lado social, político. Assim poderemos repensar e analisar melhor o que estamos fazendo, falando e vivendo. Quem entende melhor o passado e o presente, poderá se guiar melhor para construir um futuro melhor tanto para si mesmo quanto para as outras pessoas.
Recomendo bastante a leitura!

(Mesmo a Ruth Rocha falando mal de Harry Potter. Eu posso ler livros dela, mas por dizer besteiras com relação ao Harry Potter, não a convido a comer aqui em casa!)

Abraços,
Carla Luz

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